Luís de França dos Santos é de 1º de agosto de 1901. Nasceu na rua da Guia, bairro do Recife, filho de Laureano Manoel dos Santos e Philadelpha da Hora. Segundo contava, durante a juventude vendeu jornais ao longo da via férrea, até Palmares, o que o levou a conhecer senhores de engenho e chefes políticos da região. Ganhou muito dinheiro revendendo produtos importados, trazidos nos navios, quando trabalhava de estivador, profissão exercida até aposentar-se. Cresceu no bairro de São José, espécie de gueto de escravos libertos, local onde aconteciam cultos africanos. Guardava na memória a participação intensa no terreiro de candomblé Sítio do Pai Adão, em Água Fria, embora a sua iniciação religiosa não tenha acontecido lá.
Um dos filhos-de-santo de Dona Santa, o herdeiro dos saberes e batuques do Leão Coroado. Homem ortodoxo, Luiz sempre respeitou à risca os ensinamentos de sua religião e as tradições do maracatu que assumira do seu pai, um antigo estivador do porto do Recife. Como explica o babalorixá Afonso Aguiar, hoje presidente do Leão Coroado, “a amizade que Santa e Luiz tinham era muito grande. Ele respeitava muito ela, que era sua mãe-de-santo. Ele amava muito. Tudo que ele falava era ‘minha madrinha’. Ele falava com muito respeito”.
Luiz de França foi o mestre e articulador de um dos grupos mais famosos do Recife, o Leão Coroado. Vários maracatuzeiros da contemporaneidade reivindicam terem sido formados por Luiz de França, a exemplo de Walter Ferreira de França, atual mestre da Nação Raízes de África. Luiz de França faleceu em 1997 e foi o primeiro maracatuzeiro a dispor de uma pensão vitalícia paga pela Prefeitura do Recife.
Fontes:
– Amorim, Maria Alice (2014), Patrimônios Vivos de Pernambuco; 2. ed. rev. e amp – Recife: FUNDARPE
– Fonte : Zé Gomes e o Maracatu Indiano: famoso e ilustre no seu tempo, desconhecido entre os maracatuzeiros da atualidade Ivaldo Marciano de França Lima – UEBA