DONA SANTA

Maria Júlia do Nascimento, a Dona Santa, a mais conhecida rainha dos maracatus recifenses, nasceu no dia 25 de março de 1877, no pátio de Santa Cruz, no Recife, Pernambuco.

Antes de ser rainha do Maracatu Elefante onde ficou famosa, Dona Santa ou Santinha, participou de congadas (dança de origem africana), das troças carnavalescas Verdureira e Miçangueira, foi rainha do Maracatu Leão Coroado e fundou a Troça Carnavalesca Mista Rei dos Ciganos, que se transformou depois no Maracatu Porto Rico do Oriente.

Filha e neta de africanos, tinha no sangue o ritmo da zabumba e do Baque Virado do Maracatu. Quando era rainha do Leão Coroado, casou-se com João Vitorino, abdicando do trono depois que seu marido foi escolhido para reinar no Maracatu Elefante, fundado, segundo várias fontes, em 1800.

Dona Santa foi rainha do Maracatu Elefante durante dezesseis anos, período em que a agremiação teve seu maior destaque. Ao ficar viúva, assumiu sua direção, porém só foi coroada no dia 27 de fevereiro de 1947.

O Elefante se apresentava na segunda-feira de carnaval. Dona Santa desfilava com um vestido à moda européia do século XIX, feito de seda, veludo, cetim, bordado com lantejoulas, miçangas e fios dourados. Levava um espadim de metal com o qual abençoava seus “súditos”, além de cetro, coroa, capa de gola alta, sapatos de salto fino, brincos, anéis, pulseiras e broches. Suas cores preferidas eram o amarelo, azul, branco e verde.

Figura tradicional e muito respeitada, Dona Santa reinou durante muitos carnavais recifenses e foi tema de estudos de vários pesquisadores, como por exemplo a norte-americana Katarina Real.

Dona Santa faleceu no Recife, em 1962, aos 85 anos, mas constitui ainda hoje uma das maiores referências na memória do Maracatu Nação. Mãe de santo e juremeira respeitada em meio à uma sociedade branca e repressora, tornou-se muito poderosa e referência de conduta ética e de tradição, símbolo da cultura afro-descendente no Recife.

Fonte: GASPAR, Lúcia. Dona Santa (Rainha do Maracatu Elefante)Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php>. Acesso em:dia  mês ano. Ex: 6 ago. 2009.